segunda-feira, 31 de outubro de 2011

1ª Leitura - As Crônicas de Nárnia, O Sobrinho do Mago

Instituição de Ensino: Escola Estadual Fausto Cardoso
Estagiário (a): Lana Jéssica Castro de Jesus Lima
Professor: Ana Lucia Carvalho Matos
Disciplina: Português  Série: 6ª  Turma: B  Turno Matutino  Data: 01/11/2011
Texto - 1
Personagens
Polly e Digory
Polly , Digory e Aslam

1
A PORTA ERRADA
O que aqui se conta aconteceu há muitos anos, quando vovô ainda era menino. É uma história da maior importância, pois explica como começaram as idas e vindas entre o nosso mundo e a terra de Nárnia.

Naqueles tempos, Sherlock Holmes ainda vivia em Londres e as escolas eram ainda piores que as de hoje. Mas os doces e os salgadinhos eram muito melhores e mais baratos; só não conto para não dar água na boca de ninguém.
Naquela época vivia em Londres uma garota que se chamava Polly. Morava numa daquelas casas que ficam coladas umas nas outras, formando uma enorme fileira.

Uma bela manhã ela estava no quintal quando viu surgir por cima do muro vizinho o rosto de um garoto. Polly ficou muito espantada, pois até então não havia crianças naquela casa, apenas os irmãos André e Letícia Ketterley, dois solteirões que moravam juntos.
Por isso mesmo, arregalou os olhos, muito curiosa. O rosto do menino estava todo encardido. Não poderia estar mais encardido, mesmo que ele tivesse esfregado as mãos na terra, depois chorado muito e então enxugado as lágrimas com as mãos sujas. Aliás, era mais ou menos isso que havia acontecido.

– Oi – disse Polly.
– Oi – respondeu o menino. – Qual é o seu nome?
– Polly. E o seu? – Digory.
– Puxa, que nome sem graça! – disse ela.
–Acho Polly muito mais sem graça.
– Não é, não. – É, sim....
– Bom, pelo menos eu lavo o rosto
– disse Polly.
– É o que você deveria fazer, principalmente depois de ter chorado por aí.
– Está bem, chorei mesmo
– disse Digory, bem alto.
Sentia-se tão infeliz que nem se incomodava que soubessem que andara chorando.
– Você também choraria, se tivesse vivido a vida inteira no campo, e tivesse tido um pônei, e um rio no fundo do quintal, e de repente viesse morar nesta droga de buraco...
– Londres não é um buraco – reclamou Polly, indignada. Mas o menino estava tão aborrecido que nem prestou atenção, continuando a falar:
–...e se seu pai estivesse na Índia e você tivesse de viver com uma tia e um tio louco (quem ia gostar?), e isso porque eles têm de tomar conta de sua mãe... e se sua mãe estivesse doente e
fosse... e fosse morrer... 
Aí o rosto de Digory ficou esquisito, como se ele estivesse fazendo força para não chorar. Polly falou com doçura:
– Desculpe. Eu não sabia de nada.
– E, como não tinha mais o que dizer, ou querendo animar o garoto, perguntou:
– Seu tio é mesmo doido?
– Ou é doido ou então há um mistério nisso. Ele tem um estúdio no último andar e tia Leta nunca me deixa ir lá. Isso não me cheira bem. Tem mais: sempre que ele quer me falar alguma coisa na hora do jantar, ela não deixa, dizendo:

“Não aborreça o menino, André.” Ou então:
“Digory não está nada interessado nisso.” Ou:
“Digory, acho melhor você ir brincar no quintal.”

– Mas que tipo de coisas ele tenta lhe dizer?
– perguntou a menina.
– Não tenho a menor idéia. Ela nunca deixa ele continuar. Tem outra coisa: ontem à noite, eu estava passando perto da escada do sótão, indo para a cama, quando ouvi um grito.
– Quem sabe ele não tem uma mulher louca que ele esconde lá dentro?
– sugeriu a menina.
–já pensei nisso.
– Quem sabe ele faz dinheiro falso...
– Também pode ter sido um pirata e agora anda escondido dos antigos companheiros.
 –Sensacional!
– exclamou Polly.
– Jamais podia imaginar que sua casa fosse tão interessante.
– Você diz isso porque nunca dormiu lá. Não é nada agradável acordar no meio da noite ouvindo as passadas do tio André no corredor, vindo na direção do seu quarto. E os olhos dele são de dar medo! Foi assim que Polly e Digory se conheceram. Era no início das férias de verão e, como nenhum deles iria viajar para a praia, passaram a encontrar-se quase todos os dias. As aventuras começaram principalmente por um motivo: era um daqueles verões muito úmidos e quentes, de modo que, em vez de brincar ao ar livre, eles preferiam fazer incursões dentro de casa. É impressionante quantas explorações a gente pode fazer num casarão, com um toco de vela na mão.

Continua...


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